10 de Espadas: Aprenda com o passado e deixe-o para trás

Uma das cartas de aspeto mais sombrio do baralho de tarot, o 10 de Espadas retratado no baralho Rider-Waite-Smith mostra o corpo de um homem morto com 10 Espadas cravadas no corpo, com um céu escuro a aparecer em segundo plano, interrompido apenas pelo brilho da luz no horizonte antes do nascer do sol. Tal como um dez, esta carta representa o fim de um ciclo. O que quer que tenha acontecido já passou, a dor acabou e é tempo de seguir em frente, saindo da escuridão e rumo ao nascer do sol.

A nossa primeira interpretação desta imagem do Tarot Místico Manga de Rann não é de todo escura, mas é rica em cores vibrantes, sendo as mais brilhantes e claras no meio, irradiando para fora, expulsando a escuridão da imagem. As cores deste belo nascer do sol refletem-se nos longos cabelos ondulados da nossa figura, o seu vestido misturando-se com a água em que se encontra, dando a ilusão de que faz parte da água e do céu. Ela levanta-se e olha para a luz, apesar do peso das dez espadas que lhe esmagam as costas. Não importa o que lhe tenha acontecido, se foi esfaqueada nas costas, qualquer dor que teve de suportar, recusa-se a recuar, recusa-se a ser uma vítima. Em vez disso, ela levanta-se, deixando o passado para trás. Tem os braços cruzados e as mãos à altura das ancas, preparando-se para o próximo movimento. Ela poderia levantar as mãos sobre a cabeça e, ao fazê-lo, desalojaria aquelas espadas.

Outra figura parece estar presa pela energia das suas espadas. A arte do Tarot de Ciro Marchetti no Tarot da Paleta Mística mostra uma figura angelical alada, entrando ou saindo da posição fetal enquanto está suspensa nas luzes que irradiam das dez espadas que o rodeiam. A sua cabeça está baixa, olhando para a máscara vermelha brilhante do Louco que ele balança levemente na sua mão. Podia escolher deixar-se levar pela autocomiseração, ter a mentalidade de vítima ou levantar-se e recuperar com o humor do Louco. Lee Burston escreve sobre o Louco no guia que o acompanha: “A sua expressão de humanidade genial permitirá que o anjo que há em si abra as suas asas”.

O After Tarot de Guilia F. Massaglia descreve o que poderá ter acontecido no momento seguinte à famosa cena do baralho de Tarot Rider-Waite-Smith. O manto vermelho do homem, um símbolo de dignidade, ainda está sobre ele, enquanto é cuidadosamente transportado por dois homens em direção a uma cova aberta. Uma das espadas foi-lhe colocada no peito e as mãos sobre ela. As outras espadas ao fundo, eretas no chão, fazem lembrar lápides. Um lugar de descanso, um lugar de paz. O céu está a clarear, a luz antes do nascer do sol brilha intensamente, afastando a escuridão. Os dois homens olham para o túmulo, o próximo passo, o próximo lugar onde o homem será sepultado. A dor acabou, está feito. Um novo dia começou e é tempo de seguir em frente.

Na maioria dos baralhos de tarot, as dez espadas estão todas nas costas das figuras ou ao longo de todo o corpo. Seria necessária apenas uma espada para fazer o trabalho, então porquê dez? A mentalidade da vítima é posta em causa. São os que mais sofrem? Estão em pior situação do que todos os outros? Ou poderiam encontrar forças para se levantarem, para não serem cínicos e autovitimistas, mas para seguirem em frente, deixando o passado onde ele pertence.